Nasceu na Polônia e antes de completar seu "Bar-Mitzvá" ( 13 anos), impressionava toda congregação da sinagoga de sua cidade pela memorização impressionante de trechos completos do Talmud ( livro sagrado dos judeus). Anos depois entre (1948 e 1950) visitando Recife, à convite do brilhante enxadrista Dr. Luís Tavares, cirurgião notável que alcançou o titulo de campeão brasileiro, esteve no Clube de Xadrez do Recife onde tive o prazer de conhecer-lo. Duma simplicidade e cavalheirismo impressionantes, jogou um por um com os presentes, espantados por ter-lo entre nós.
Após pediu um jornal local, passando a vista pausadamente, entregou-nos e fechando os olhos, repetiu os títulos de pagina por pagina sem erros. Possivelmente foi o enxadrista de maior poder de memorização.
Seguindo sua extraordinária vocação para o Xadrez, defendeu seu pais natal nas olimpíadas de 35,37 e 39 a última em Buenos Aires. A Europa incendiada pela barbárie nazista não permitiu que voltasse, sua esposa e filha foram exterminadas, apesar de poloneses eram de religião judia.
Em 1947 no Brasil na cidade de São Paulo joga as cegas contra 45 tabuleiros durante 23 horas e meia. 39 vitórias 4 empates e 2 derrotas e após reproduziu, uma por uma todas as partidas.
Conforme declarou esperava que com esta extraordinária façanha, a noticia da mesma seria publicada em todos os jornais do mundo e soubesse o paradeiro de sua família.
Entretanto o silencio foi a resposta do terrível extermínio da mesma.
Quando na mencionada visita à Recife, tocou no assunto não havia mais nenhuma esperança em seu coração. Era uma extraordinária grandeza espiritual.
Torna-se cidadão argentino e dedica-se aos negócios onde prosperou com uma empresa de seguros e transformou-se pelo resto da vida um patrocinador de torneios de xadrez, fugindo da miséria que ceifou outros brilhantes enxadristas, de religião judaica, foragidos da besta nazista. De 1950 a 1976, integrou as equipes Argentinas nos mundiais por equipes , onze ao todo jogando com o 1o tabuleiro em dez delas, foram 171, vencendo 66 empatando 88 e somente perdendo 18!
Aos 70 anos com elo de 2510 venceu o torneio "Clarim" de Buenos Aires frente a Spassky e Petrosian.
Aos 76 anos desafia o grande mestre e campeão Argentino Raimundo Garcia.
A variante Najdorf da Defesa Siciliana permanecerá na mente de todos enxadristas.
Torna-se o mecenas do xadrez Argentino dando bolsas substanciais aos torneios que patrocinou.
Um dos mais importantes foi o torneio em homenagem a variante Polugaievsky em Buenos Aires.
Criação do genial Lev Polugaievsky o grande mestre judeu russo, que faleceria poucos meses após.
Mendel Najdorf faleceu em 4 de julho do corrente ano na Espanha
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